Três no Mundo

Três no Mundo
Sérgio, Jonas e Carol rumo ao Caribe e Europa

domingo, 29 de maio de 2011

De 27/05/2011 – Travessia St. Maarten - Açores
O mar grosso e o vento forte permaneceram durante a madrugada, mas cada vez estávamos mais perto das luzes do farol de Flores. Víamos, ao longe, as luzes de Faial também. Deve ser uma ilha com bastante gente, pois ela ainda está muito longe para vermos suas luzes.
Amanheceu eram 2:30 hs e os bordos se repetiam. Quando o Jonas acordou, assumiu o leme e isso facilitou muito nosso trabalho, pois o vento variava muito de intensidade e direção (mas sempre contra!!!) para o Cigano (o piloto automático, lembram?) levar.
Quando estávamos mais perto, vimos que a ilha é muito bela! Ela é muito escarpada, com encostas que caem vertiginosamente no mar, mas seu topo todo é cheio de plantações. Entre os campos verdes das plantações, muitas vilas aparecem incrustadas na sua encosta, sempre com uma linda vista para o mar. De longe parece ser muito bem cuidada e conseguimos ver que cada pequena vila tem sua igreja.
Quando nos aproximamos mais, muitos pássaros marinhos estavam sobre a água e, após levantarem voo à nossa passagem, vinham ver de perto o Travessura. Um chegou a quase esbarrar no estai de popa, na mestra e no tope do mastro, de tão curioso. Só temi pela sua integridade, quando ele chegou perto do gerador eólico (que parece um grande ventilador, sem a proteção gradeada), que girava doidamente. Por sorte ou intuição, manteve a distância apropriada do perigo, para não virar “pássaro fatiado”.
Ronny mandou uma mensagem, sugerindo um ancoradouro abrigado do lado oeste da ilha, mas não temos detalhes do lugar nas cartas digitais que temos. Conseguimos contato com o Dorival pelo rádio e ele nos disse que as condições no porto não estavam boas e que a entrada na marina era muito arriscada, mas que começaria a melhorar na parte da tarde. Aliás, disse que estavam quebrando ondas dentro da marina e que estava péssimo para ficar lá. Fomos dar uma olhada na ancoragem, para ver se estava balançando menos do que velejando, mas desistimos dela. Um grande veleiro, três vezes maior que o Travessura, parecia um “brinquedo” sendo jogado pelas ondas para um lado e para outro. Optamos pelo mais seguro: sair do porto, abrir um pouco de genoa e ficar navegando devagar a barlavento da ilha. Mesmo com ondas balançado um pouco o barco, não há os trancos da âncora e nem a chance de arrebentar cunho, corrente, ou cabo de amarração e irmos parar nas pedras. Para quem já está vinte dias balançando no mar, mais uma tarde ou mais um dia não é problema.
Na parte da tarde o vento diminuiu um pouco e nossa opção de continuar velejando perto da ilha se mostrou bem confortável. Descansamos, comemos um risoto a parmiggiana com frango (da Tio João, ainda brasileiro!) e ficamos lendo e fazendo algumas coisas no barco. Dorival sempre nos chamava pelo rádio e informava as condições do porto. Após seis horas navegando, vimos que as ondas haviam diminuído e o vento também. Dorival nos disse que dava para entrar no porto e que poderíamos tentar, pois ele deixaria uma boa vaga liberada, para entrarmos e amarrarmos rapidamente o barco. Bem, lá vamos nós! Seguindo as instruções sempre corretas e detalhadas do Dorival, deixamos tudo arrumado, com defensas colocadas e cabos distribuídos em suas posições e entramos no porto. Seguimos para o fundo do porto à direita, obedecendo as marcações de aproximação, que aqui segue o padrão contrário ao Brasil. Víamos os veleiros na marina, chegávamos perto, mas não era fácil ver a entrada da marina. Quando chegamos bem perto, vimos porque. A entrada era muito estreita, uns 20 metros, e no meio de várias pedras, mas o local era fundo. Acabamos de passar as pedras e guinamos tudo para bombordo (esquerda), entrando num abrigado e pequeno porto. Lá, Dorival já nos esperava com um “batalhão”! Vários velejadores, dos vários barcos que estavam lá, vieram ajudar. Entrei reto de proa como havia sido sugerido e logo eles pegavam os cabos e amarravam o Travessura por todos os lados.
Que alegria!!! Agora podemos dizer que chegamos mesmo! Descemos do Travessura,agradecemos os velejadores que nos ajudaram e demos abraços no Dorival e a Catarina. O Travessura jogava muito na vaga, mas estava bem amarrado e não ia “fugir” de lá. Conversamos um pouco e eles se ofereceram para nos levar a um pequeno mercado e restaurante, que fica perto da marina. Era tudo o que os “adolas” queriam ouvir! Parece que o risoto não foi suficiente e lá fomos nós para o restaurante da dona Therezinha. Íamos apreciando tudo o que víamos e subimos uma ladeira íngreme para chegar no mercadinho. Ele é bem pequeno, ela trabalha sozinha e tem apenas duas mesas pequenas dentro dele. Já era tarde para o horário local, mas ela disse que ia ver o que podia fazer para nós. Relaxamos, andamos mais um pouco pelo local com nosso casal de amigos, e voltamos para comer. No pequeno restaurante, enquanto esperávamos a comida, víamos uma corrida de touros (tourada) na televisão e escutávamos o sotaque português por todos os lados. Logo, dona Therezinha veio com três pratos enormes, cada um contendo dois ovos fritos, dois bifes e muitas batatas fritas. Essa era a comida que eu mais gostava quando era pequeno!!! Ainda completavam o prato alguns pães e uma salada de alface. Nos fartamos de comer e, quando pensamos que já havia acabado, ela veio com mais um prato cheio de batatas fritas quentinhas! Não pudemos fazer desfeita e demos conta desse monte de batatas também. Pelo jeito vamos engordar muito por aqui!
Voltamos ao barco (ainda bem que é ladeira abaixo!) e jogava bastante. Um dos cabos arrebentara e o substituímos, colocando alguns pedaços de mangueira para protegê-los.
Fomos para a cama cansados, muito felizes e de barriga cheia, após tanta aventura. Acabávamos de realizar a maior travessia de nossas vidas e só nós três! Chegamos num lugar belíssimo, onde me sinto em casa, pois o carinho e atenção do povo português é muito grande e tudo me lembra minha casa quando pequeno. Apesar da emoção, o sono não tardou a chegar.


Amanhecendo e chegando em Flores!


Que frio!!!




Flores! Linda chegando pelo mar.




Aproados para o porto.


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