Três no Mundo

Três no Mundo
Sérgio, Jonas e Carol rumo ao Caribe e Europa

sábado, 28 de agosto de 2010

Dia 28/08/2010 – Aratu
Choveu de manhã bem cedinho, mas o pintor conseguiu dar uma mão de tinta de fundo. A segunda foi postergada, pois ele não veio na parte da tarde. E eu não fui na regata justamente para que fossem dadas as duas mãos!
Para não ficar mais irritado, comecei a fazer as minhas coisas no barco. Montei a fixação do bay-stay no lugar, após terem resinado o pedaço de antepara que havia apodrecido e terem soldado a ferragem de fixação. Fiz a furação para o novo cunho e o parafusei no lugar. Para essas duas coisas, que dependiam de “alguém” segurando uma porca do lado de dentro enquanto outro apertava os parafusos do lado de fora, usei um artifício: prendi as porcas com um alicate de pressão, que as travava para eu poder parafusar do outro lado.
Vieram me entregar as calhas das vigias, nas quais eu mandei colocar tecido ultra violeta. Como ficaram muito boas, achei que valia a pena caprichar, antes que o silver-tape, com as quais eu as fiz, começasse a soltar. Aproveitei e coloquei-as de volta no lugar.
Fiz mais uma série de coisinhas e arrumações no barco, que me ocuparam o dia inteiro.
No final da tarde liguei para os “adolas”, que disseram que a regata foi muito legal! Se divertiram muito e contaram várias coisas dela. O Jonas fez a função de proeiro pela primeira vez e disse ter gostado. Legal! Era a única função que ainda não havia feito em regatas.
O resto do meu dia foi tirado para atualizar diários e trabalhar num “projeto secreto” (rsrsrs!!!).
Dia 27/08/2010 – Aratu
Tudo está se organizando, mas o barco não ficou pronto para a regata Aratu-Maragogipe. Vou perder o passeio, pois terei que acompanhar o pintor amanhã e fazer diversas montagens. Pena, pois havíamos combinado com os Hagge de levá-los no Travessura.
Liguei para a Simone do Delirante e aceitamos o convite de o Jonas e Carol irem com eles. Insistiram para que eu fosse também (aliás, um monte de gente me convidou, obrigado a todos!), mas se eu for isso pode significar um atraso muito grande na descida do barco por causa da maré que terá menos amplitude na próxima semana.
O pintor deu duas mãos de tinta de fundo e deixou as últimas duas para dar amanhã. Encontramos com o Carlão na hora do almoço e ficamos conversando bastante. Conhecemos um amigo dele de Brasília, que teve um Fast 410 e que nos deu várias dicas.
Novamente Jonas e Carol ficaram concentrados na escola o dia todo. Só pararam para bater papo com o Carlão, brincar com o Loro, o papagaio do Carlão, e tomar banho para a festa da regata.
Ao final da tarde, todos estávamos prontos e pegamos uma carona com o Zé, um amigo do Carlos, dono do veleiro “Mon Père”, sujeito engraçado e muito boa praça. Em minutos estávamos no Aratu Iate Clube e logo encontramos o amigo Carlos (outro Carlos!) do veleiro Sonho. Ele nos chamou para o barco e deu um excelente controle remoto de oito canais para o Jonas usar nos seus veleiros rádio-controlados! Que presentão!
Descemos para a festa no clube e logo começamos a encontrar muitos amigos. Entre eles, a Soninha de Camamu, Cristina, Andréa “Tô Chegando”, Hugo, Catarina, Simone, Míriam, Fábio e muitos outros. Conhecemos muitas outras pessoas, todos velejadores, todos com sonhos parecidos ao que estamos realizando e foi muito gostoso conversar sobre eles. Todos tinham aventuras para contar, desde uma simples saída em solitário pela baia de Aratu até longas e complicadas travessias. E todas as aventuras, independentemente de complexidade e duração, tinham grande valor para quem as contava, que sempre narrava com um brilho especial nos olhos. Velejar é viver intensamente!
Jonas e Carol foram dormir no Delirante, para treinar cedo amanhã. Peguei uma carona para o clube e dormi sonhando com viagens.
Dia 26/08/2010 – Aratu
O pintor chegou e deu a primeira mão de primer e o Travessura ficou com o fundo todo bronzeado! Ficou bonito! Continuei com as coisas do barco, distribuindo pequenos serviços para pessoas que fazem serviços de fibra, inox e capotaria. É muito pouca coisa para fazer, mas como envolve várias pessoas, se não nos organizarmos, demora um bocado!
Jonas e Carol foram estudar na lanchonete, pois é mais fresco do que no barco. O Manoel, dono da lanchonete, agora só os chama de “estudantes”!


Dia 25/08/2010 – Aratu
Hoje passei o dia todo correndo atrás de coisas do barco. O principal é que consegui rever todas as coisas de salvatagem que estavam vencendo e que são necessárias para a Refeno. Até os extintores de incêndio consegui comprar aqui. Era bem mais barato, levando em conta o tempo total, comprar um novo com 5 anos de validade do que mandar recarregar os velhos, que só valeriam por um ano.
O Hugo e Catarina apareceram para nos visitar. Batemos um papo rápido, mas logo vieram me requisitar para ver umas coisas do barco. Ainda bem que nos encontraremos na festa da Aratu-Maragogipe.
Patrícia, que também temos tentado encontrar, veio nos visitar. Batemos um bom papo e tivemos que cancelar um programa que desejávamos fazer: conhecer a Chapada Diamantina com ela. Nosso tempo ficou curto e apareceu um ótimo compromisso em Recife, que nos fará seguir viagem antes da hora. Vamos tentar fazer esse passeio na volta.
Enquanto tudo isso acontecia, o Jonas e a Carol não pararam de estudar com afinco! Estou surpreso!!!
Mais uma vez, o rapaz que raspava o barco levou o dia todo para fazer uma metade do barco. Bem, agora só falta pintar.
Dia 24/08/2010 – Aratu
Cedinho todos de pé, com muitas coisas para fazer. A primeira foi descer, esvaziar e lavar o balde e, depois, correr para o banheiro! Claro que o balde foi usado à noite, mas eu estou terminantemente proibido de dizer quem o usou!
Dormimos mal à noite. Estava quente, pois não tínhamos o ventinho gostoso do barco na poita. As muriçocas (como chamam os pernilongos por aqui) entraram no barco e nos atacaram. Mas o que mais atrapalhou nosso sono, vocês podem não acreditar, foi a falta do balanço do barco! Como ele faz falta depois que nos acostumamos com ele! Lembrei que dormimos apenas uma noite fora do barco na outra viagem que fizemos. Foi aqui mesmo em Salvador, na casa dos Hagge. Uma casa muito confortável, com uma cama deliciosa e grande, com ar condicionado e tudo! E também não dormi bem por falta do balanço! Para quem não sabe, esse balanço é delicioso depois que se acostuma com ele.
Coordenei as coisas para o trabalho de pintura de fundo e fui pegar o cunho novo na Regatta, para substituir o que quebrou no Terminal Náutico. Aliás, aproveito para agradecer um velejador que acompanha o blog e que se preocupou e deu todas as dicas para comprar esse cunho. Eu já havia achado esse “caminho das pedras” que ele recomendou mas, mesmo assim, obrigado Deo Soares!
Encontramos com o amigão Carlos do Fandango San aqui em Aratu. Finalmente! Tentávamos nos ver há dias e não conseguíamos. Batemos um papo rápido e marcamos de nos falar na sexta-feira.
Bem, hora de fazer a parte chata: levar a Lu no aeroporto. Depois de vários dias nos divertindo muito todos juntos, hora de ir embora. Ainda bem que ela deve voltar em breve.
Após o aeroporto, passamos nos Hagge para pegar o material escolar que o amigo Morcegão teve o trabalho de pegar na escola no Rio e despachar para nós em Salvador. O Jonas e a Carol já queriam abrir a caixa na casa dos Hagge mesmo!
Passamos no mercado e pegamos várias coisas descartáveis (pratos, colheres, facas, copos, garfos, etc.) para podermos fazer comida no barco, além de alguns Cup Noodles e, sem poder esquecer, repelente de insetos elétrico. Agora estamos prontos para as terríveis muriçocas!
Ao voltarmos à marina, vimos que o fundo do barco só foi raspado pela metade. A outra metade ficou para amanhã.
Aproveitei para atualizar e-mail's e o blog, enquanto os “adolas” atacaram, realmente atacaram, o material escolar! Abriram-no no final da tarde e não pararam de estudar até irem dormir. Isso sem eu ter dado ordem nenhuma! Dizem que querem se livrar logo da responsabilidade, mas desconfio mesmo é que estavam sentindo falta da escola!
Dia 23/08/2010 – Travessia Itaparica - Aratu
Levantamos às 7:40 hs para voltar a Aratu, pois precisamos puxar o barco hoje. Eu estava um pouco melhor, apesar da noite mal dormida por causa da febre. Quando começamos a sair, vimos dois lindos saveiros, os barcos que antigamente eram usados para fazer todo o comércio na região, velejando! Como são lindos e como navegam bem, com sua mestra enorme e uma pequena, mas importantíssima bujinha! Seu mastro é feito de biriba, madeira extremamente flexível e resistente, também usada para fazer o famoso berimbau.
O vento estava gostoso e favorável. A travessia estava muito boa, mas entreguei o comando para a tripulação e fui descansar, para me recuperar totalmente. Quando atravessamos a baia e chegamos perto das marcações de entrada para a ilha de Maré, voltei e assumi o comando. Entrando no canal, alguém olhou para trás e viu um enorme navio entrando no mesmo canal que estávamos. Encostei no lado esquerdo do canal e deixei o “bichão” passar, com alguma preocupação por parte da tripulação. Navios têm prioridade em entradas de canal, por terem baixa manobrabilidade em locais apertados. Ele passou bem, fomos atrás dele e entramos no canal de Aratu. Ele parou após a fábrica de bolachas (ai, que cheiro bom!!!) e três rebocadores o giraram 180 graus, enquanto passávamos encostados na boia de entrada da baia de Aratu.
Liguei para a marina, combinei a puxada para mais tarde e fizemos um churrasco. Este quase não saiu, pois havia acabado o álcool líquido do barco. Ventava forte, situação ótima para fazer churrasco quando temos álcool. Mas quando não temos... problema! Tentei acender o fogo com álcool gel e o danado nem pegava fogo. Coloquei dois acendedores próprios para churrasqueiras e quem diz que acendiam? Gastei uma caixa de fósforos e mais da metade deles apagavam antes de tocarem a brasa. Tentei colocar papel queimando embaixo do carvão, que estava pequeno, perfeito para acender churrasqueiras, e nada! Só fumaça. Já sei; pinga! “- Jonas, pega uma garrafa de pinga aí dentro! Pinga, hein, não cachaça!”. Lá veio a pinga, derrubada com parcimônia e muita dó sobre a brasa. Encostei o palito acesso e nada. O vento apagava o fogo. Idéia: “- Vou pegar o maçarico portátil do barco!”. O maçarico não acendia de jeito nenhum! Levei o maçarico para dentro do barco e o acendi no fogão. Ao sair do barco, antes de chegar na brasa, o vento o apagava! Já estava desistindo do churrasco e pensando em esquentar a frigideira, quando resolvi tomar uma atitude drástica: lasquei gasolina do motor de popa, com óleo dois tempos e tudo, no carvão e toquei fogo! Lindas labaredas subiram e torci apenas para não estragar o gosto da carne. Deixei queimar bem antes de colocar a carne e o churrasco ficou ótimo. Nunca mais vou deixar faltar álcool no barco!!!
O próximo capítulo do dia foi a puxada do barco. O Marcelo, funcionário da marina veio ao Travessura e o comandou para colocar na carreta. Puxa daqui, empurra dali, ajeita acolá, tira de novo, põe outra vez, mergulha, amarra, empurra com o bote, empurra com os dois botes e, depois de mais de uma hora de trabalho cuidadoso, com um grupo de várias pessoas, fora e dentro da água, o Travessura estava em seco para pintar o fundo, com as tintas anti-incrustantes fornecidas pelos nossos apoiadores Zirtec e WEG Tintas! Que sufoco. O trabalho dos rapazes foi excelente, mas sempre dá um frio na barriga de qualquer dono de veleiro vê-lo ser retirado da água. Sucesso!
Fui ligar a internet, pois havia ficado sem comunicação em Itaparica, e não ela não funcionou! O problema, então, não era falta de sinal em Itaparica. Deve ser o modem ou cabo de conexão. Toca tirar cartão, recolocar cartão, apertar modem, trocar fio, trocar porta USB e por aí vai! Resolvi dar umas “porradas” nele, antes de atirá-lo do convés para quatro metros abaixo. Nada! A cada mudança eu fazia um teste, tendo que ligar e desligar o notebook!!! Imaginem minha paciência como estava. Resolvi apertar bem o conector do chip e segurá-lo. Liga de novo o computador e... funcionou! Funcionou! Não acredito, funcionou!!! Puxei logo os e-mail's da caixa postal e soltei devagar o conector, que continuou funcionando. Caiu novamente depois de uns 20 minutos, mas apertei outra vez e coloquei um pedaço de palito de dentes para segurar. Novamente conectado! Como sentimos falta desse conforto de comunicação quando o perdemos. Como falar, como atualizar o blog, como mandar e-mail's e respondê-los? Como me comunicar? Deu para sentir a importância da comunicação que estamos tendo e o valor dela no nosso dia-a-dia. Mas também deu para sentir o sossego da falta dela em Itaparica, onde passamos dias gostosos e tranquilos. Que paradoxo!!!
Bem, barco fora da água! Que bom... e que mau!!! Sim, bom porque podemos começar a fazer algumas coisas que precisamos no barco e que mau porque nosso conforto mudou muito. Imaginem, estamos “embarcados em terra”. Não podemos usar os sanitários do barco, porque eles puxam água salgada (que não temos mais sob o barco) para lavar os vasos e jogam os resíduos para fora, ou seja, atualmente, no meio do pátio da marina! Bem, vamos usar a estrutura da marina! Só que para isso, temos que descer uma escada vertical de 4 metros, amarrada ao barco, mas que nos dá insegurança por não estarmos acostumados com ela. E depois sair correndo para o banheiro, que fica a 50 metros. Nossa, nunca 50 metros foram tão longos! Como tudo é relativo! Não podemos usar água dos tanques e as pias, porque tudo vai para o pátio e para a tinta que vai ser colocada, molhando-a. Dessa forma, não podemos lavar louças e cozinhar fica complicado, sem ter como lavar panelas. Ainda temos a sensação de insegurança por estarmos tão alto, acomodados numa carreta.
Bem, vamos nos adaptar à situação! Amarra melhor a escada. Sobe e desce de dia para acostumar. Testa usando chinelos e descalços. Libera o balde para uma “eventualidade” noturna. “- Baaaaldeeee?!!”. Aliás, isso gerou um papo interessante sobre o uso de banheiros dentro das casas, que só começou realmente nos últimos cem anos. Antes eram usados penicos e as “casinhas”, normalmente colocadas atrás das construções principais e longe destas (quando havia!). O cheiro insuportável de algumas grandes cidades dos séculos passados também tinham o acréscimo do costume de descarregar os penicos dos quartos diretamente para as ruas (e ai de quem estivesse passando perto da janela na hora!). Para quem ainda não leu “'1808” e “Perfume”, são livros muito bons que retratam essas situações e eu recomendo.
Mas duro, muito duro ainda, foi ter que recusar o convite dos amigos Hugo e Catarina para ficarmos no lindo e confortável hotel deles em Itapuã e o convite dos Hagge para ficarmos em sua casa. Se não ficarmos por aqui, que é longe de tudo e de todos, não podemos dar andamento nas coisas que precisam ser feitas no barco.
Foi um dia “atravancado”, mas com muitas histórias para contar!!!



























































quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Dia 22/08/2010 – Itaparica
Acordamos cedo, com a maré baixa, e fomos passear no banco de areia próximo da marina. De um lado dele, a água estava fria, da maré que subia. Do outro, a água estava quente da poça de maré aquecida pelo sol. Foi um gostoso passeio pelo banco de areia no meio do mar, algo muito diferente: uma praia cercada de mar por todos os lados!
Ao retornar ao barco, comecei a ficar mal. Não sei se ando exagerando na comida baiana (você acha isso, leitor?!!! - rsrsrs!), mas comecei a ficar enjoado e com febre. Passei o resto do dia na cama descansando e dormindo. No início da noite fechei a conta da marina e fomos até a pastelaria. Nada me apetecia e acabei comendo só uma sopa no barco, para o qual voltamos logo depois. A febre voltou mais forte e à noite suei muito enquanto dormia. Comecei a desconfiar de uma gripe, pois os calafrios eram típicos de gripe e lembro que senti um vento muito frio quando saí da água quente da poça de maré.

























Dia 21/08/2010 – Itaparica
Durante a noite o barco chacoalhou bastante no píer, mas muito menos que em Salvador.
Levantamos tarde, tomamos um ótimo café e fomos para a praia que fica ao lado de um forte, na ponta de Itaparica. Curtimos a gostosa praia de água transparente, que fica sempre assim na subida da maré. A fome começou a bater e voltamos à marina para comer acarajés (muitos) da simpática Lindinalva, vendedora de acarajés, lavadoura de roupas e doceira de mão cheia. A sobremesa foi cocadas e bolinhos de jenipapo, que a Lindinalva faz em casa. Como é bom comer por aqui! Sempre há muitos sabores novos.
De barriga cheia fomos andar no sábado de sol e paramos num banquinho, perto do qual alguns garotos pescavam. Deitei um pouco e dormi profundamente sob o gostoso sol baiano.
Um pirajá chegou e acabou com nossa moleza, nos fazendo correr com sua chuva. Na corrida, nos abrigamos num lugar onde havíamos visto vários cães e gatos na porta. Era uma associação chamada APROANIMA (Associação de Proteção de Animais de Itaparica). Não resistimos ao convite para conhecê-la e ficamos surpresos com a quantidade de cães e gatos que ela abriga. Num espaço pequeno, mas organizado, havia cerca de 8 cães e mais de 120 gatos! Parece que todos os animais sem donos e abandonados de Itaparica são colocados na porta da associação, onde eles são bem recebidos e tratados. É muito bonito o trabalho que a Fátima, responsável pela associação, faz, mesmo sem grandes recursos e usando sua própria casa. Vejam as fotos. Mais informações no e-mail aproanima@yahoo.com.br
Voltamos ao barco e fomos jantar na marina, onde comemos uma gostosa moqueca de camarão e um risoto “baiano” de camarão (feito com leite de coco).



























































Dia 20/08/2010 – Travessia Aratu - Itaparica
O dia amanheceu bonito, mas vários pirajás passavam de vez em quando, trazendo chuvas rápidas. Tomamos nosso café, fiz a navegação, arrumamos tudo para sair e fui à marina para avisar a saída do barco.
Perto do meio-dia soltávamos a poita e saíamos pelo canal de Aratu. O vento parecia bom e nos levava rapidamente pelo canal. Ao chegar à ilha da Maré, a velejada com motor se tornou uma orça apertada. Navegamos dessa forma até chegar à última boia de saída do porto de Aratu, quando cruzamos com o veleiro Feitiço, do amigo Ronaldo, que se dirigia para Aratu.
Arribamos para Itaparica, desligamos o motor e começamos uma velejada deliciosa de través até Itaparica. Cruzamos com vários barquinhos de pesca no meio do caminho e fomos desviando deles. Velejamos entre 5 e 7 nós, com mar liso, e o vento estava ótimo!
Chegamos no meio da tarde e conseguimos uma vaga na marina. Desde o assassinato do velejador Abel, conhecido nosso e que foi um grande choque para nós, não voltávamos a Itaparica. Pelo que nos disseram, a situação está tranquila com relação à segurança, mas também recomendaram que ficássemos atracados. Itaparica é uma cidade muito tranquila, com ocupação sazonal e que tem uma ótima marina. Dessa forma, muitos velejadores estrangeiros que passam pela baia de Todos os Santos param aqui. Como todas as cidades do Brasil, principalmente as sazonais, ela sofre com as drogas e acaba tendo sérios problemas por isso. O caso do Abel foi um deles e chocou a todos, velejadores e não velejadores.
Paramos o barco e logo descemos para passear. Um dos tripulantes ficou à bordo, por conta de um “stress” na chegada (“stress” na Bahia?!!), para sossegar e pensar melhor. Fomos até a cidade e demos uma volta por lá, acabando na ótima pastelaria Fundo de Quintal, que conhecíamos desde 2006. Os pastéis estavam ótimos, mas o de carne de sol com purê de aipim era o melhor de todos!
Retornamos ao barco após o pôr-do-sol e tentei acessar a internet, mas o modem não pegava sinal e reiniciava toda hora. Acabamos indo descansar cedo.








































terça-feira, 24 de agosto de 2010

Dia 19/08/2010 – Aratu
Pretendíamos ir para Loreto hoje. Como o vento continua forte fora da baia de Aratu e aqui dentro está uma “paz baiana”, resolvemos ficar mais um dia. Descansamos muito novamente e, no final da tarde, demos um pulo até um banco de areia, cheio de pequenos caranguejos, no manguezal aqui perto. Um belo pôr-do-sol e um banho gostoso finalizaram nosso segundo dia de preguiça. Estávamos precisando dele, pois desde Vitória estávamos correndo um bocado.
“- Mãinha, tem remédio pra picada de cobra?!”








Dia 18/08/2010 – Aratu
Dia mundial da preguiça baiana a bordo do Travessura, tirado para descansar, comer, descansar, comer, descansar, comer!!!
Na paz e mansidão da baia de Aratu, o passatempo foi ler, tirar o sarro uns dos outros e (pasmem!!!) fazer castelos de cartas a bordo do Travessura. E de seis andares!!!
O pôr-do-sol foi deslumbrante e, à noite, assistimos um filme dos Thunderbirds (lembram deles?! - se a resposta foi positiva, entregaram a idade!!! - rsrsrs!!!)


quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Dia 17/08/2010 – Travessia Salvador - Aratu
Enquanto a tripulação arrumava o barco para sairmos, fui procurar um cunho no comércio da região. Nada! Tomamos nosso café e fechei conta no Terminal Náutico. Eles cobram R$ 1,00 por pé por dia. Esses R$ 41,00 por dia valem a pena, pois a marina é muito bem localizada (só tem o problema de bater bastante). Saímos da vaga com cuidado, pois o vento estava lateral. Ao sairmos, tive que arrebentar o cadeado que prendia o bote, pois ele não abriu de jeito nenhum, e esvaziá-lo da água de chuva acumulada, para poder subi-lo. Isso devia ter sido feito antes e “rolou stress” com a tripulação. Saímos do quebra-mar e as ondas altas nos pegaram. A ida para Aratu foi rápida, pouco mais de duas horas, e o mar estava alto e o vento forte de popa. Havia ondas de mais de dois metros dentro da baia de Todos os Santos! O vento estava na casa dos 25 nós ou mais. Ao entrarmos no canal que dá em Aratu, uma baia abrigada dentro da baia de Todos os Santos, o mar alisou e só restaram as rajadas de vento. Pegamos uma poita ao lado do veleiro “Fandango San” do amigo Carlão, como em 2006. Abrigados, resolvemos fazer um churrasco a bordo, que com o vento forte que batia, foi rápido e fácil de fazer.
Recebemos a visita do Marcelo, responsável pela marina, e ele nos informou que não há maré para puxar nosso barco agora. Re-agendamos para segunda que vem e vamos aproveitar para passear por Itaparica. Descemos em terra para tomar banho e pude verificar como cresceu essa marina de estadia e serviços em tão pouco tempo! É impressionante! Está toda organizada e até loja da Regatta há na marina. Barreto, velejador e seu dono, está de parabéns! Até o banheiro, recém reformado, foi pensado para quem navega e tem coisas básicas que não vimos nos outros banheiros de marinas e clubes: ganchos para pendurar as coisas e suporte para shampoos e sabonetes. Detalhes simples que facilitam muito a vida de quem usa seus serviços!








Dia 16/08/2010 – Salvador
Como pretendemos ir para Aratu para pintar o fundo do barco, onde não há bons mercados, demos um pulo no Mercantil Rodrigues e fizemos um grande mercado. Sempre é bom fazer compras lá!
À tarde, Hugo e Catarina passaram para nos pegar para passear e ajudar com coisas que precisávamos. Fomos atrás do anodo de sacrifício da rabeta e logo o encontramos. Depois, uma parada em Calçada para comprar parafusos e um passeio na igreja do Bonfim. Chovia e voltei ao carro para ficar com o Hugo, pois as “meninas” resolveram ver um pouco da missa. Falamos muito de pais, filhos e seus relacionamentos, tão complexos e intensos. De repente, no meio do papo sério, todos entram no carro às gargalhadas. Aconteceu que, com a pressa para fugir da chuva, entraram todos num carro errado, igual ao do Hugo. Imagino a cara de susto do outro motorista!
Fomos conhecer uma marina na abrigada baia da Ribeira e procurar mais algumas coisas que precisávamos. Uma parada obrigatória para quem passa por lá é a Sorveteria da Ribeira, considerada a melhor sorveteria de Salvador. Realmente, o sorvete é excelente e nunca tomei um sorvete de chocolate tão bom! Paramos num lugar que tem uma bela vista de Salvador, onde fica a casa do governador e o zoológico e Catarina contou que adorava trazer os filhos ali quando eram pequenos. Levaram-nos para jantar numa pizzaria muito boa, em Rio Vermelho, e conversamos muito sobre nossos planos de viagem e os planos deles. Lu, que não os conhecia, adorou o simpático e hospitaleiro casal. Amanhã chegará a Maruja (nome espanhol, onde o “j” se pronuncia como um “rr”), mãe do Hugo, para visitá-los. O barco deles tem o nome de Maruja em homenagem à ela. Espero que possamos conhecê-la, pois já gostamos dela pelas histórias que eles contam.
Dia 15/08/2010 – Salvador
Após um café improvisado, pois tudo está acabando, fomos ao forte São Marcelo com a Lu e a Mô. As “meninas” adoraram o forte, o “umbigo da Bahia” como dizia Jorge Amado, que é muito legal para fotografar. Na sequência, subindo o elevador Lacerda, um passeio pelo Pelourinho e almoço no sempre bom Mama Bahia. O Victor, filhos dos Hagge, veio nos encontrar e com ele fizemos uma visita à igreja e convento São Francisco, a mais bela igreja que conheço. Um guia, com formação em história, chamado Magno, nos deu outra visão da igreja, que tem muita história e simbologia por trás de sua construção. Após sorvetes na Cubana, voltamos ao barco e Mô foi para o hotel, pois veio a trabalho e esticou o final de semana para nos visitar. André e Marcelinho vieram à noite, fizemos um lanche e ficamos batendo um papo sobre os belos veleiros que estão na marina e seus planos de vida.