Três no Mundo

Três no Mundo
Sérgio, Jonas e Carol rumo ao Caribe e Europa

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Dia 28/07/2010 – Travessia Búzios-Vitória
Cruzamos com vários barquinhos de pesca durante a noite. Como o mar estava tranquilo e a visibilidade era boa, conseguíamos vê-los muito antes e era fácil desviar. Quando amanhece, eles “desaparecem”, pois é muito mais difícil vê-los, a não ser que passemos bem perto.
Amanheceu com outro “show” da lua e do sol. Muitas outras fotos! Vejam-nas abaixo e imaginem como isso é bonito ao vivo e em cores!!!
Nosso primeiro pirajá chegou! Esse vento provém de nuvens baixas e pesadas. Conforme passamos perto ou embaixo na nuvem, o vento se intensifica, muda de direção e, às vezes, também temos chuva. Em meia hora, tudo estava normal novamente.
Após passarmos Guarapari, conseguimos ver o Delirante velejando. Ele veio mais rápido e fez o trechinho final à vela.
Chegamos às 11:30 hs, numa travessia total de 32 horas. A Carol falou tudo! Disse: “- Puxa, justo a travessia do São Tomé foi a melhor até agora!”. Ela tem razão. Chegamos com a maré baixa e, com muito cuidado (com 2,25 mts de calado, temos que tomar cuidado!) , entramos na piscina do clube para pegar uma poita, mas havia cabos de âncoras cruzados no caminho. Preferi sair novamente e ancorar do lado de fora do clube. No caminho, descobrimos um banco de areia e demos uma leve encalhada, pois manobrávamos em baixa velocidade. Saímos do encalhe com o motor e procuramos um lugar mais profundo. Ancoramos, mas logo o vento nos fez voltar ao banco de areia. O Jonas, pela primeira vez, levantou a âncora do Travessura e voltamos a ancorar mais longe. Chegamos e fizemos nossa terceira travessia do São Tomé em família!!!
Comemoramos com um delicioso, abundante e quente banho no clube. Fiz a entrada do barco e voltamos ao Travessura. A tripulação do Delirante tinha carne que precisava assar logo. Nos chamaram para um churrasco e lá fomos nós! Esse é o tipo de “problema” que não deixamos amigos passarem sozinhos! (rsrsrs)
Ao final do churrasco, já bem no final da tarde, começaram a chegar os barcos do Costa Leste, que saíram às três da tarde do dia anterior. Fizeram uma bela viagem também! Os três primeiros barcos chegaram de dia, mas os outros foram entrando no breu da noite e ancoraram perto de nós. Jonas identificava barco a barco no escuro (e sem errar!). É muito bom estar cercado de amigos novamente. Deixei uma luz no cockpit piscando e a luz de top acesa e fui dormir tranquilo e cansado! Vitória!!! (desculpem o trocadilho, não resisti!!! - rsrsrs!)








































Dia 27/07/2010 – Travessia Búzios-Vitória
Acordamos às três, arrumamos tudo e saímos às 3:40 hs. A noite estava tranquila, calma e com lua, o que ajuda muito na saída. Fomos ziguezagueando entre as boias de espinhéis que existem perto de Búzios, com o Jonas na proa, olhando e comandando as manobras. Logo nos afastamos e as boias acabaram.
O dia nasceu muito bonito e o mar estava calmo. Uma brisa favorável fazia com que nosso andamento fosse bom: 6 nós de velocidade média. Nosso rumo foi reto para o cabo, onde passaríamos na linha entre 40 e 50 metros.
Após algum tempo de navegação, o piloto deu um tranco e parou de comandar o barco. Desci para ver e encontrei o braço do “Lázaro” solto. Peguei as ferramentas e em 10 minutos ele estava operante novamente.
O almoço foi carne de panela, com cenoura, tomate e arroz. Um tempero especial foi acrescido ao arroz, algo que não se encontra em lugar nenhum, a não ser aqui: água do São Tomé! Para fazer isso, tem que acrescentar um pouco de água doce e não colocar sal, pois senão fica muito salgado o arroz. Estava ótimo e o arroz São Tomé foi aprovado pela tripulação!
Enquanto eu descansava, Jonas e Carol viram a primeira baleia da viagem. Passou a cem metros do barco e estava “tímida”! O Delirante, que saiu mais tarde e viajou mais perto da costa, viu várias baleias antes do São Tomé.
A Carol, em função de ficar meio mareada nas últimas travessias, experimentou tomar Dramin. Foi ótimo!!! Ela ficou esperta, não teve tanto sono e não passou mal. Fez todos os seus turnos e não nos sobrecarregou nesta travessia longa. Num de seus turnos, um barco de trabalho das plataformas de petróleo passou perto de nós, num rumo que poderia nos dar problemas. Ela me chamou e fiquei no convés até cruzarmos, sem necessitar fazer alterações de rumo. Foi bom o acontecimento, pois vi que ela estava “ligada” e dormi mais tranquilo. Com ela nos turnos, tudo fica mais fácil!
Às 15:00 hs, entrou um vento sueste e abrimos a genoa. Velejando e motorando, nossa velocidade aumentou e o barco ficou mais estável. Cruzamos o São Tomé assim, às 16:00 hs, andando bem e longe da costa.
O pôr-do-sol foi fantástico! Fotografei e filmei muito! O nascimento da lua não ficou atrás: ela nasceu laranja, diretamente do mar! (vejam as fotos abaixo e digam se sou exagerado!).
Durante seu turno, à noite, Jonas escutou um jorro e viu uma outra baleia a 20 metros do barco. A noite continuava toda estrelada!

















Dia 26/07/2010 – Búzios
Acordamos tarde e logo começamos a arrumar as coisas para a próxima travessia. Essa ida para Vitória, cruzando o cabo de São Tomé, é um dos trechos mais temidos pelo navegadores de cruzeiro. São 190 milhas de travessia, passando por uma região de muito trânsito de embarcações e com um cabo que faz a profundidade reduzir muito e as ondas crescerem. Para passar o cabo, a previsão de tempo tem que ser de ventos favoráveis ou nulos. Temos uma janela de ventos quase nulos e mar calmo amanhã. Pretendemos sair bem cedo para aproveitar a janela toda.
Fiz a navegação da travessia e desci para comprar as coisas, enquanto meus adolescentes (vou parar de chamá-los de “crianças”!) ficaram no clube brincando. Voltei ao clube e fomos almoçar no restaurante Buzin, um restaurante por quilo muito caro de Búzios, mas de primeiríssima e que eles adoram, para comemorar a estada em Búzios.
No clube, tomamos banho e eu queria ir dormir cedo, mas isso é difícil com tantos amigos no local. Fui até o Alphorria, do amigão Maurício, e dei uma força com um sensor de velocidade, que não estava funcionando. Ele continuou sem funcionar, mas foi legal ver o capricho que está o Alphorria nas mãos do Maurício e Tânia.
Voltei ao clube para pegar os “adolas” (adolescentes!) e deixei o bote um pouquinho amarrado no cais. Ao voltar, cadê o bote? Algum dos barcos que estavam ao lado e saíram, soltaram o cabo de nosso bote e ele foi embora com o vento! O Caio, do veleiro Flyer, prontamente pegou seu bote e saiu para procurar o nosso, na noite escura e ainda sem lua. O Miranda, do Kadon, também fez isso. Amigos sempre aparecem nessas horas! Pouco depois, o Caio voltou com o nosso “fujão”, que também tem o nome de Travessura, mas o apelido de “Traquinagem”, a reboque! Que susto! Foi uma pequena “travessura” dele, mas que poderia ter causado um grande prejuízo. Da próxima vez, em porto com muitos barcos, só vou deixar o bote trancado com cadeado!
Com tudo isso, fui dormir às 23:00 horas, para acordar amanhã de madrugada. E com altas emoções, adrenalina a mil!!!
Dia 25/07/2010 – Búzios
De manhã houve a reunião de comandantes do Cruzeiro Costa Leste. Todos estavam ansiosos para definir data de partida, mas também loucos para curtir Búzios. Vários querendo seguir logo e vários querendo ficar mais. É duro agradar a “gregos e troianos”. Eu não gostaria de comandar um cruzeiro desses. Mas quem, realmente, acaba comandando, é a previsão de tempo, pois todos dependem dela. Pelo que vi da previsão até agora, partiremos na terça-feira de manhã, bem cedinho. Mas tudo pode mudar de uma hora para outra, dependendo de novas previsões.
Ajudei Simone a arrumar luz de navegação do Delirante, que não estava funcionando. Precisamos colocar três lâmpadas para uma funcionar, também tirar a luminária e remover a oxidação. Já disseram que “velejar é consertar o barco em lugares paradisíacos”. Tem seu fundo de verdade!
Almoçamos no barco um resto de frango, Jonas foi velejar com o rádio-controlado, eu e Carol fomos passear na linda orla de Armação de Búzios. Encontramos a Simone e re-almoçamos com ela, para fazer companhia. Após um banho no clube, fui ver a orquestra Tabajara, uma típica orquestra dos anos 50/60, com bons músicos, acompanhado de uma deliciosa tapioca de carne seca!








domingo, 25 de julho de 2010

Dia 24/07/2010 – Búzios
Logo cedo deixamos a poita em que estávamos, pois a maioria dos barcos do Cruzeiro Costa Leste chegavam. A maioria dos veleiros dos amigos já estavam ancorados nas imediações. Ancoramos após os últimos barcos do Cruzeiro, numa região também abrigada. Como estávamos mais longe, coloquei o motor de popa, que não quis pegar de jeito nenhum. Fazia muito tempo que estava parado. Limpei a vela, desmontei o carburador e uma pecinha pequena, que trava o combustível quando o carburador está cheio, caiu! Tive que desmontar mais uma grande parte do motor para recolocá-la e foi um “parto” para fazer isso. Recolocada e montado o motor, troquei a gasolina para garantir que pegasse e não deu outra: BRUUUUMMMMM!!!
Fomos para o clube que começamos a encontrar os diversos amigos velejadores: Vail, Maurício, Tânia, Janjão, Ricardo Amatucci, Santini, Claudio e muitos outros. Foi ótimo re-encontrá-los! Fomos convidados a participar do churrasco do Cruzeiro e ficamos contando histórias e aproveitando o ambiente gostoso de camaradagem.
Após o almoço, um passeio pela rua das Pedras, com um belo pôr-de-sol, completaram nossa tarde.
Voltamos ao Travessura para colocá-lo em ordem e descansar.
À noite, na festa de Santana, comemos tapiocas numa barraquinha da festa, feitas por uma alagoana. Estavam ótimas! Já estamos começando a matar um pouco das saudades do Nordeste. Mais tarde, um ótimo show nos esperava: o MPB-4 ao vivo! As crianças adoram suas músicas e adoraram vê-los cantar ao vivo. Uma lua muito cheia nos cobria: “A lua, quando ela roda, é nova, crescente ou meia-lua, é cheia...”
Era inspirador para nossa viagem: “Quero ver o passaredo, pelos portos de Lisboa, voa,voa, que eu chego já.”


























Dia 23/07/2010 – Búzios
Jonas acordou bem melhor! Que bom, o remédio está fazendo um bom efeito. Mesmo assim, é bom tomar cuidado. Temos uma janela de tempo para seguir hoje à tarde, mas com ele assim eu prefiro esperar a próxima.
Dei uma mergulhada para ver como estava o fundo do barco e se havia alguma coisa enroscada. Encontrei-o sujo e resolvi limpá-lo. Em Salvador iremos pintá-lo com a tinta anti-incrustante WEG que ganhamos, mas até lá, tenho que mergulhar de vinte em vinte dias para raspar a vida marinha que gruda no fundo.
A Carol foi lavar roupas com a Simone e a Míriam e o Jonas foi conversar com os amigos no clube. Em duas sessões de uma hora cada, limpei o fundo todo e espero uma melhor velocidade na próxima travessia.
Resolvemos fazer um jantar no barco e convidamos a Simone e a Raquel para participar. Mas não foi de graça: elas tiveram que “pagar a pena” e deixar uma mensagem em nosso livro de bordo!


Dia 22/07/2010 – Búzios
Acordei às sete, com o Jonas me chamando, dizendo que não podia levantar da cama. A dor piorou muito e ele não podia se mexer que doía. Dei um Tandrilax para ele e ele voltou a deitar, como eu. Às dez acordei e o chamei, para ver como estava. Já melhorou um pouco e levantou sozinho. Abasteci o barco com diesel e mandei comprar mais através do Felipe, rapaz que faz esses trabalhos no clube.
Resolvemos descer para passear em Búzios, com os amigos do Flyer e do Delirante. Andamos pela bela orla, almoçamos moquecas e caldeiradas e tomamos sorvetes. Não, é claro, sem deixar de bater as tradicionais fotos nas estátuas do Juscelino e da Brigite! Passeios gostoso pelo lugar que já conhecíamos, mas que sempre nos entusiasma a passear mais.
No final do dia tomamos banho no clube e ficamos batendo papo com o pessoal dos outros barcos. A noite foi encerrada com bate-papo no Delirante, com sua tripulação e a tripulação do Flyer, regado a vinho, queijo e gostosuras, enquanto a babá eletrônica (DVD) cuidava das crianças com um bom filme.

















sexta-feira, 23 de julho de 2010

Dia 21/07/2010 – Travessia Arraial do Cabo - Búzios
Amanheceu outro dia lindo e entramos pelo Boqueirão, entre muitas rajadas de ventos. Tentamos passar pelo canal mais fundo, mas não o achei e fiquei com medo de encalhar. Como o calado do Travessura é bem maior que o do Fandango, ficamos com medo. A solução seria sair e dar a volta pela ilha de Cabo Frio, pegando a correnteza forte outra vez. Em vez disso, vimos um barco de pesca e pedimos ajuda para que nos mostrassem o canal de passagem. Muito gentil, o comandante do barco chamado Navegantes, desviou sua rota e nos levou pelo canal. Agradecemos e seguimos para a praia do Forno e dos Anjos. Não encontramos o Delirante e recebemos notícias que haviam seguido para Búzios, pois não encontraram situação boa de ancoragem. Também disseram que em Búzios estava tranquilo. Pensei bem e não conseguiria dormir tranquilo por lá. A previsão para a próxima noite era de ventos ainda mais fortes. Fiz uma votação com a tripulação e a unanimidade nos levou para Búzios também. No caminho, encontramos os primeiros veleiros do Costa Leste que chegavam a Búzios. Entre eles, o Pegaoazul, onde estava o amigo Toninho Lopes.
Chegamos a Búzios no meio da tarde e curtimos muito o visual das ilha e praias das imediações. Apesar da travessia demorada, pois tudo continuava contra, já estava melhor pois a correnteza era mais fraca. Nos preparamos para soltar âncora e dois rapazes vieram nos receber com um bote, apontando uma poita. Sei que elas eram para os barcos do Costa Leste e informamos que não estávamos no cruzeiro. O rapaz, gentil, nos falou que poderíamos usar a poita até os outros barcos do Costa Leste chegarem, o que deveria acontecer dentro de dois ou três dias. Agradecemos e aproveitamos a hospitalidade do clube. O rapaz, chamado Felipe, se ofereceu para trazer diesel e outras coisas que precisássemos.
Arrumamos tudo e descemos em terra. Como é gostoso um banho quente com muita água após uma travessia! Após o banho, rever os amigos e trocar impressões sobre a travessia. E contar histórias! Essas são muitas de todos os barcos. Esse ambiente de camaradagem da “tribo” da vela é sempre contagiante.
A Carol foi convidada para dormir no Delirante. Tive que fazer uma massagem nas costas do Jonas, que ficaram doendo após andar de wind surf e que pioraram quando foi puxar um cabo na travessia. Durante a noite o vento apertou e fiquei contente com a decisão de vir para Búzios e a gentileza do clube para dormirmos na poita. Levantei algumas vezes para ver a amarração, mas dormi descansado.
Às vezes é bom ser mais “lerdinho”. Devo duas para a Simone, que nos informou não estarem boas as condições de Arraial, quando decidimos não entrar, e também que em Búzios estava tranquilo, onde vou dormir agora tranquilamente!

























Dia 20/07/2010 – Travessia Rio - Arraial do Cabo
Acordamos às três da manhã para a travessia. A noite estava gostosa e calma. Arrumamos tudo e saímos pouco depois das três e meia. Foi lindíssimo sair navegando da baia da Guanabara. Noite calma, céu estrelado e o contorno dos morros altos criava uma linda paisagem. Completava-a as luzes das cidades, dos fortes, do convento em Niterói, Pão de Açúcar e, ao longe, o Cristo Redentor, “braços abertos sobre a Guanabara”.
Fiz a navegação por fora das Ilhas Maricás e cometi um erro. A correnteza estava violenta, com cerca de 5 nós. Ao lado da ilha, nos arrastávamos a um nó de velocidade! Nos aproximamos de terra para fugir da correnteza e a velocidade melhorou, mas continuou muito baixa. O vento estava bem na cara, as ondas também e o rendimento do barco era péssimo. Pela segunda vez estávamos fazendo essa travessia com tudo contra e a previsão de tempo falhara. Em compensação, o dia era lindo! Fomos navegando vendo as belas praias que existem ao norte de Niterói, na região dos lagos. O Delirante, que saiu mais tarde, nos alcançou e passou, enquanto eu esquentava o almoço e almoçávamos. A Raquel entrou no rádio e falou, mexendo com o Jonas: "-Eh, mas vocês estão lerdos, hein?!", ao que o Jonas respondeu: "- Lerdos, mas com frango e batatas assadas!". Ela ficou sem resposta!
Percebi cedo que não chegaríamos de dia e não forcei o motor, pois o barco bateria muito e não adiantaria nada para chegarmos de dia. O ponto positivíssimo era que o piloto automático funcionava maravilhosamente. O último teste que o “Lázaro” precisava era esse e passava com louvor!
Anoiteceu e o Delirante entrou pelo boqueirão da ilha de Cabo Frio. Relatou ventos fortes lá dentro e teve dificuldades para ancorar. Tentou várias vezes e não conseguia. Estavam bem, mas sem conseguir descansar. Achei melhor ficar do lado de sotavento da ilha de Cabo Frio, nos protegendo atrás de seus morros. Chegamos a uma milha da ilha, desliguei o motor e mantivemos a mestra com o piloto automático, de tal forma que andávamos um pouquinho para trás, mas de frente para o vento. Com o barco assim, quase parado, ficou muito confortável para descansarmos. Um ficava no turno por duas horas enquanto os outros dois dormiam. Rajadas nos pegavam sempre, mas sem nos atrapalhar.












Dia 19/07/2010 - Niterói
O Jonas e a Carol foram buscar água em bombonas no Sailing, para completar nosso tanque novamente, enquanto eu fazia coisas na internet. Doidos para re-encontrarem a Raquel e o Rafael, aliás, “Rafael” em dose dupla, pois o Rafael do veleiro Flyer está ficando direto no Delirante, quiseram dar um pulo até o Charitas para brincarem e andarem de wind. Mudamos o Travessura para a frente do Charitas e eles desceram com o wind, enquanto eu descansava para a travessia que iniciaremos amanhã de manhã, pois as condições parece que melhoraram.
Voltaram para o barco no final da tarde para guardar o wind e estavam loucos para voltar ao Delirante, mas não deixei: quero todos descansados para a travessia.
Fiz o jantar, estreando uma panela Fulgor que ganhamos do amigo Pimenta. Aprovadíssima! Ficou ótimo o frango com legumes feito nela e a tampa tem travas, permitindo que a levemos com comida dentro durante as travessias, sem que ela caia com o balanço.



Dia 18/07/2010 - Niterói
Fomos para o Iate Clube São Francisco correr as regatas. O Jonas embarcou no veleiro do Luiz, que acabava de ser colocado na água após uma reforma. Tudo novinho no barco, inclusive as velas. Eu embarquei no veleiro do Gustavo e da Saionara, um simpático casal amigo do Luiz. O veleiro deles não é um barco próprio para regatas, mas eu estava mais a fim de um bom papo e diversão, e nisso acertei perfeitamente no barco em que entrei. Fui muito bem recebido e logo já estávamos conversando como se nos conhecêssemos há muitos anos. Atravessamos a baia, fomos até o Iate Clube Guanabara, que patrocinava a regata, e fizemos a inscrição. A regata foi divertida, o vento estava muito bom e acabamos ficando com o primeiro lugar na classe, deixando outros barcos mais rápidos e mais bem preparados para trás. É muito gostoso correr na baia da Guanabara, raia cheia de manhas e truques.
Ao final do dia fomos ao Clube Naval Charitas pegar a Carol no Delirante. Jantamos lá e as “crianças” aproveitaram para brincar bastante. Conheci algumas pessoas do clube e re-encontramos a Suzi, do veleiro Samba, que conhecêramos na primeira viagem. Eles moram no barco há mais de trinta anos!



Dia 17/07/2010 - Niterói
O sempre atencioso amigo Luiz Gurgel apareceu no Travessura de manhã, para saber se estávamos bem e porquê não seguimos viagem. Tomou um café conosco e nos convidou para correr uma regata comemorativa que acontecerá amanhã.
Jonas estava ansioso para fazer alguma coisa e resolveu aproveitar o vento mais forte para andar de wind surf na baia da Guanabara. Montou o wind no Travessura mesmo e ficou velejando umas duas horas entre vários veleiros monotipos que aproveitavam o gostoso sábado de vento na enseada. O pessoal veleja muito por aqui. Niterói está pleiteando o título de “Capital da Vela” e tem tudo para isso: estrutura, tradição, gosto pelo esporte e boas raias.
Soubemos que o Cruzeiro Costa Leste também resolveu não sair hoje à noite. A Marinha proibiu os barcos de praticagem de saírem da baia da Guanabara, o que significa que o mar está grosso fora da barra. Nossa decisão de não fazer a travessia foi acertada.
Recebemos um convite para ir até o Iate Clube do Rio de Janeiro no veleiro Delirante à noite. Eles encostaram no Travessura e embarcamos. Fomos batendo papo e a primeira coisa que reparei foi na habilidade e segurança da Simone, Raquel e Rafael no barco. Atravessamos a baia, que estava um pouco mexida pelo mar e logo estávamos no clube. Desci para tentar encontrar dois amigos, mas não os achei. Em compensação, re-encontramos vários outros amigos. É uma turma divertida! Os adolescentes encontraram mais amigos e começaram a se enturmar. É muito bom que este Costa Leste tenha muitas crianças e adolescentes, pois os encontraremos nas várias paradas e eles podem se divertir mais juntos.
No final da noite voltamos ao Travessura e a Carol foi convidada para dormir no Delirante. A Carol está fazendo ótimas amizades, como a Paola, filha do Luiz Gurgel, e a Raquel do Delirante. Isso é ótimo para ela!


segunda-feira, 19 de julho de 2010

A postagem de hoje foi um texto do grande amigo Hill, dono da escola de vela Veleiros Eventos e dos veleiros Delícia, nosso querido Fandango e H2Óia. Por ela, talvez vocês possam ter uma idéia da nossa emoção na partida.

Data: Sexta-feira, 16 de Julho de 2010, 11:04

AMIGOS,

participamos do "ATÉ BREVE" ao TRAVESSURA, EM 03/07/2010.
Melhor: até daqui a uns 2 ANOS, e com tudo ótimo!

Numa das fotos, graças ao vento Sul que soprava suave, TODOS OS VELEIROS DO SACO DO PEQUEÁ PARECIAM, EM CONJUNTO, REVERENCIAR O TRAVESSURA (até me impressionei e tirei várias fotos desse momento), apontando suas proas em sua direção, numa aparentente cerimônia de respeito à sua largada.

Na "véspera", oferecemos um bolo com desejo por escrito de BOA VIAGEM, cortado pelo Jonas e pela Carol.

Um detalhe: fomos com o Delíiiiiiiiiicia, mas insistimos em levar o Fandango para ele "se despedir" de seus ex-donos, e isso ficou bastante simbólico para os 3.
O Fandango parecia com uma certa inveja do Travessura, compreensível, já que tratava-se de uma super viagem, mas creio que ele, na verdade, compreendeu que já tinha cumprido a sua missão e, muito mais com orgulho do que inveja, parecia um experiente navegador que carinhosamente "passava o bastão" para esse seu "irmão maior" - numa faina importantíssima: levar em seu bojo com a maior segurança nossos 3 amigos.
Compareceram o Toninho Lopes, Pimenta, Viviane, Gabriel, Tati, a Márcia e tantas outras pessoas que demonstravam seu carinho buzinando, acenando e desejando tudo de bom aos "3".
Dos "3", exala muito mais que amizade: orgulho por compartilhar um mínimo de suas vidas, e tentar ajudar o máximo possível - que sempre será o mínimo necessário.

O nosso "Engenheiro-Naval-Junior JONAS", Nossa Querida CAROL e o Grande e Inabalável SÉRGIO carregam na bagagem os nossos sonhos, construindo suas realidades e demonstrando todo amor que sentem entre si e pelo mar. E quem de nós não ama o mar?

ÓTIMOS VENTOS AOS "3"!!!

HILL






sexta-feira, 16 de julho de 2010

Dia 15/07/2010
Perdido por um, perdido por cem! Ditado velho e sábio! Acordei cedo e fui desmontar novamente o “Osmar”. Desta vez, desmontei-o até suas entranhas! Em duas de quatro peças que ficam parafusadas em cima do piloto achei oxidação em seus terminais. Lembrei que o técnico falou que “alguns quadrantes estavam com problemas e outros não”. Logo imaginei que cada uma daquelas peças podia controlar um setor de 90 graus. Tirei tudo, a ponto de ficar com as placas de circuito impresso soltas na mão, aproveitando para limpá-las. Remontei tudo com cuidado, pois havia anotado em papel onde ia cada peça e conexão. Chamei o Jonas, que ainda dormia e testamos o piloto. Não posso dizer que não foi com surpresa que vi que respondia rapidamente às mudanças de direção! Soltei a bússola e repeti o teste que vi o técnico fazer, girando a bússola lentamente. Resposta perfeita em todos os ângulos!!! Parece estar OK!!!
Tomamos nosso café, que é sempre uma das refeições mais bem feitas quando estamos no barco e pegamos os bujões de diesel para recarregar. Uso seis bujões extras de 20 litros, para aumentar a autonomia do barco. Dois ainda estavam cheios e os despejamos no tanque principal do barco. Eu ainda não havia medido o consumo real do motor do Travessura e me preocupei em marcar o medidor do tanque (que é uma vareta de bambu!!!) na última vez que carregamos. Com os 40 litros de diesel que colocamos, rodamos o motor 13 horas e ainda sobrou diesel, dando uma média de um pouco menos de 3 litros/hora. O resultado foi surpreendente para mim, que estimava o consumo em 4 litros/hora! Mais uma ótima notícia!
No final da tarde, encostamos o Travessura no píer e abastecemos de água. O Ricardinho, sua esposa e seu netinho vieram se despedir de nós e o Ricardinho deixou uma mensagem em nosso livro de visitas.
Saindo do píer, antes de ancorar novamente, fizemos um teste do piloto com o barco navegando: PERFEITO!!! Mudamos o nome do piloto imediatamente. De hoje em diante ele será “Lázaro”, uma referência bíblica muito adequada! Resta, agora, testá-lo em travessias, mas já estamos livres para seguir viagem.
À noite, fomos ao Iate Clube de São Francisco a convite do Luiz Gurgel, para uma palestra. Aproveitamos para conhecer o seu veleiro Toró, que está em fase final de reforma e vimos uma ótima palestra sobre a revitalização desta tão judiada baía da Guanabara. Na nossa primeira viagem nos surpreendemos com sua sujeira. Agora vemos o trabalho que está sendo iniciado para despoluí-la e conscientizar a população. Esperamos que, quando voltarmos de viagem, possamos aproveitar suas águas maravilhosas para um belo banho e relatemos sua recuperação total. Cabe ao seu povo e pode público cuidar dela. E eles a merecem limpa! Informações do projeto e ações em andamento são encontrados em www.baianossadeguanabara.org . Vejam, que vale a pena!
Abaixo, vista da praia de São Francisco. O Travessura é um dos barcos ancorados.


Dia 14/07/2010
O dia amanheceu chuvoso. Aproveitei para atualizar o blog e começamos a fazer uma faxina geral no barco. Se não dá para passear, aproveitamos para trabalhar! Lavamos piso, banheiros e as partes de acabamento brancas, que estavam começando a mofar. Com os três trabalhando, em uma hora e meia tudo estava pronto.
O técnico da Raymarine ligou adiantando sua visita. Achei ótimo, pois assim vemos logo, se o “Osmar” tem jeito ou não. Chegou, visitou o barco e disse o mesmo que o outro técnico: que o piloto era muito velho, um dos primeiros. Ligou a bússola nova, testou e não funcionou. Ele disse que em alguns quadrantes ele funcionava bem e outros não. O problema era mesmo do computador central e não tinha jeito, só trocando. Bem, vamos ter que ficar na espera da Raymarine nos conseguir um piloto mesmo! O pior, fora o preço, é que eles não conseguem dar previsão de chegada de um piloto novo.
Almoçamos com o Ricardinho no clube e conhecemos sua esposa. De aperitivo, uma bela tainha frita, que vimos pescarem na ponta do píer alguns minutos atrás.
Descansei um pouco no barco, enquanto o Jonas velejava com seu rádio-controlado na piscina do clube e a Carol brincava com a “Mia”, uma gatinha do clube.
À noite, fomos andando embaixo de chuva até o Clube Naval Charitas, na outra ponta da praia de São Francisco. Levou muito mais tempo do que eu imaginava, mas temos que treinar para as caminhadas que ainda pretendemos fazer. Lá, conhecemos a Simone, Raquel e Rafael do veleiro Delirante. Esses três estão construindo uma história bem interessante também. Simone é a comandante do barco e está iniciando uma viagem longa com seus dois filhos. Raquel tem 13 anos e Rafael tem 8 anos. A situação dela é muito parecida com a nossa em 2006. Tenho certeza que o aprendizado dessa família será fantástico e tomara que voltem dizendo que “foi o melhor ano de suas vidas”. Ou, como o Jonas prefere dizer, que não voltem e continuem viajando por muitos anos!!! Fomos para um barzinho e a conversa foi ótima! As crianças se enturmaram muito bem e rapidamente e falamos muito da viagem que está por vir. Eles irão junto com o Cruzeiro Costa Leste da ABVC e nós nos encontraremos em várias paradas. O papo rolou solto até depois da meia-noite!
Abaixo, foto do "Trakinagem", veleiro radio-controlado de sucata que o Jonas construiu sozinho. Reparem nas duas bandeiras no estai de popa, que ele também fez: de cima para baixo são do "Boteco 1" e do Rio Yacht Club (Sailing).