De 22/09/2010 – Recife
Acordamos cedo e tomamos nosso café logo, pois o dia vai ser agitado hoje. Após arrumações, saímos para uma visita ao Instituto dos Cegos. A irmã Graça, responsável pelo Instituto, nos recebeu muito bem e nos convidou para o almoço com ela. O Torpedinho, sua esposa e filha também estavam lá e conversamos muito durante almoço, principalmente sobre os problemas da instituição para angariar fundos. Ela mantém muitos deficientes visuais em regime de internato e semi-internato. Após o almoço, visitamos suas oficinas, onde só ouvimos elogios aos trabalhos das freiras. O instituto tem quadra de esportes, oficina de artes plásticas, piscina (que está em reforma), sala de música, sala de informática e outras. Foi emocionante falar com todas as pessoas atendidas pelo instituto, que sempre ressaltavam sua inclusão social e o tratamento humano que o instituto lhes proporciona. Mas, o que realmente emocionou muito, foi a oficina de música. Os jovens que lá aprendem, nos receberam com um repertório variado de MPB, que gostamos muito. Todos cantaram juntos, alunos, pais e nós mesmos, as músicas que os garotos tocavam. Um garoto em especial, o Lucas, arrancou lágrimas de todos, num discurso maduro, dizendo como se sente novamente criança ali, no instituto, após ter perdido a visão. Esse flautista é talentoso e irá longe, com sua vontade de viver e alegria contagiante! Após essa visita, que mexeu com nossas emoções, fomos todos para a Fundação Altino Ventura, onde faríamos o lançamento do nosso livro em Braille e audiobook.
Só que antes, tivemos que despedir da Lu, pois ela não poderia ficar para o lançamento do livro, por causa do horário do avião.
Na FAV, encontramos vários velejadores da Refeno, amigos que foram ver nossa palestra. O auditório estava cheio, com várias pessoas representando entidades que auxiliam deficientes visuais, muitos voluntários, imprensa e a diretoria da FAV. Vários deles eram deficientes visuais. Portanto, tive que me preocupar em descrever várias das fotos importantes que temos nos slides, tornando-me os olhos deles. Foquei a palestra na mensagem de superação, pois, como eles, somos deficientes: na nossa família falta o membro principal, como para eles falta o principal sentido nos dias de hoje. Tentei mostrar-lhes, com nosso exemplo, como a superação pode acontecer e como vale a pena tentá-la, mesmo quando estamos completamente perdidos.
Ao final da palestra, falei da minha avó Noêmia, que morava conosco, era diabética e perdeu a vista pouco a pouco, até ficar completamente cega. Contei como durante minha infância fui me tornando gradativamente os olhos dela para quase tudo: leitura, movimentação e todas as tarefas que ela conseguia realizar sem enxergar. Disse como ela foi superando a falta desse importante sentido, me ensinando, com seu exemplo, as lições de superação. E ressaltei como essas superação é importante, não só para a pessoa que perdeu a visão, mas para todos os familiares e pessoas queridas que cercam o deficiente visual, pois é uma lição de vida para todos. Sou um exemplo vivo disso e muito do que sou hoje devo ao exemplo de minha avó. É claro que não foi uma palestra normal. Muitas vezes engasguei, travei e a emoção tomou conta. Mas acho que os objetivos foram alcançados e, ao final da palestra, muitos queriam dedicatórias nos livros em braille e nos audiobook's, que foram distribuídos gratuitamente, com a instrução especial de serem copiados e espalhados à vontade.
Outra boa notícia que tive, é que não somos pioneiros no livro náutico em braille. A família Schürmann é que tem esse mérito, pois um de seus livros teve uma edição em braille autorizada e está disponível para leitura em bibliotecas de braille. Falei com a Heloísa e coloquei-me à disposição, se quiserem e puderem fazer audiobook's de seus livros. Estou falando com outros autores que conheço, para podermos levar mais títulos náuticos aos deficientes visuais. Se há algo que um velejador precisa e costuma fazer é mudar seus paradigmas. E acho que isso é muito útil para quem perde a visão, além da diversão da leitura.
A volta ao clube foi de carona com o Dr. Marcelo Ventura, falando de barcos, sonhos e viagens. Lá re-encontramos a Dra. Liana Ventura. Esse belo casal, Torpedinho e os diretores e voluntários da Fundação Altino Ventura são os responsáveis pelas emoções que tivemos hoje. Muito obrigado a todos!!!
Agradecemos, também, ao William Walker, que fotografou para nós todo o evento e cujas fotos vocês poderão ver abaixo.
Quando chegamos ao Travessura, uma ótima surpresa nos esperava: o Pimenta, nosso amigo e tripulante para a Refeno e Noronha-Natal nos esperava. Ele conseguiu adiantar um dia sua viagem e chegou para nos ajudar a preparar o barco. Conversamos bastante, matamos saudades do sempre alegre amigo e já entramos em clima de regata, conversando muito sobre a Refeno.
Acordamos cedo e tomamos nosso café logo, pois o dia vai ser agitado hoje. Após arrumações, saímos para uma visita ao Instituto dos Cegos. A irmã Graça, responsável pelo Instituto, nos recebeu muito bem e nos convidou para o almoço com ela. O Torpedinho, sua esposa e filha também estavam lá e conversamos muito durante almoço, principalmente sobre os problemas da instituição para angariar fundos. Ela mantém muitos deficientes visuais em regime de internato e semi-internato. Após o almoço, visitamos suas oficinas, onde só ouvimos elogios aos trabalhos das freiras. O instituto tem quadra de esportes, oficina de artes plásticas, piscina (que está em reforma), sala de música, sala de informática e outras. Foi emocionante falar com todas as pessoas atendidas pelo instituto, que sempre ressaltavam sua inclusão social e o tratamento humano que o instituto lhes proporciona. Mas, o que realmente emocionou muito, foi a oficina de música. Os jovens que lá aprendem, nos receberam com um repertório variado de MPB, que gostamos muito. Todos cantaram juntos, alunos, pais e nós mesmos, as músicas que os garotos tocavam. Um garoto em especial, o Lucas, arrancou lágrimas de todos, num discurso maduro, dizendo como se sente novamente criança ali, no instituto, após ter perdido a visão. Esse flautista é talentoso e irá longe, com sua vontade de viver e alegria contagiante! Após essa visita, que mexeu com nossas emoções, fomos todos para a Fundação Altino Ventura, onde faríamos o lançamento do nosso livro em Braille e audiobook.
Só que antes, tivemos que despedir da Lu, pois ela não poderia ficar para o lançamento do livro, por causa do horário do avião.
Na FAV, encontramos vários velejadores da Refeno, amigos que foram ver nossa palestra. O auditório estava cheio, com várias pessoas representando entidades que auxiliam deficientes visuais, muitos voluntários, imprensa e a diretoria da FAV. Vários deles eram deficientes visuais. Portanto, tive que me preocupar em descrever várias das fotos importantes que temos nos slides, tornando-me os olhos deles. Foquei a palestra na mensagem de superação, pois, como eles, somos deficientes: na nossa família falta o membro principal, como para eles falta o principal sentido nos dias de hoje. Tentei mostrar-lhes, com nosso exemplo, como a superação pode acontecer e como vale a pena tentá-la, mesmo quando estamos completamente perdidos.
Ao final da palestra, falei da minha avó Noêmia, que morava conosco, era diabética e perdeu a vista pouco a pouco, até ficar completamente cega. Contei como durante minha infância fui me tornando gradativamente os olhos dela para quase tudo: leitura, movimentação e todas as tarefas que ela conseguia realizar sem enxergar. Disse como ela foi superando a falta desse importante sentido, me ensinando, com seu exemplo, as lições de superação. E ressaltei como essas superação é importante, não só para a pessoa que perdeu a visão, mas para todos os familiares e pessoas queridas que cercam o deficiente visual, pois é uma lição de vida para todos. Sou um exemplo vivo disso e muito do que sou hoje devo ao exemplo de minha avó. É claro que não foi uma palestra normal. Muitas vezes engasguei, travei e a emoção tomou conta. Mas acho que os objetivos foram alcançados e, ao final da palestra, muitos queriam dedicatórias nos livros em braille e nos audiobook's, que foram distribuídos gratuitamente, com a instrução especial de serem copiados e espalhados à vontade.
Outra boa notícia que tive, é que não somos pioneiros no livro náutico em braille. A família Schürmann é que tem esse mérito, pois um de seus livros teve uma edição em braille autorizada e está disponível para leitura em bibliotecas de braille. Falei com a Heloísa e coloquei-me à disposição, se quiserem e puderem fazer audiobook's de seus livros. Estou falando com outros autores que conheço, para podermos levar mais títulos náuticos aos deficientes visuais. Se há algo que um velejador precisa e costuma fazer é mudar seus paradigmas. E acho que isso é muito útil para quem perde a visão, além da diversão da leitura.
A volta ao clube foi de carona com o Dr. Marcelo Ventura, falando de barcos, sonhos e viagens. Lá re-encontramos a Dra. Liana Ventura. Esse belo casal, Torpedinho e os diretores e voluntários da Fundação Altino Ventura são os responsáveis pelas emoções que tivemos hoje. Muito obrigado a todos!!!
Agradecemos, também, ao William Walker, que fotografou para nós todo o evento e cujas fotos vocês poderão ver abaixo.
Quando chegamos ao Travessura, uma ótima surpresa nos esperava: o Pimenta, nosso amigo e tripulante para a Refeno e Noronha-Natal nos esperava. Ele conseguiu adiantar um dia sua viagem e chegou para nos ajudar a preparar o barco. Conversamos bastante, matamos saudades do sempre alegre amigo e já entramos em clima de regata, conversando muito sobre a Refeno.
Parabéns pela iniciativa. Fiquei pensando que deveriamos ajudar mais todos que aparecem no nosso caminho. Espero logo poder ler o livro. Fiquei emocionado (chorei) ao ler o pouco que disse da sua Palestra, nem imagine se estivesse presente . . .
ResponderExcluirEmocionante, vcs são mesmo um trio de atitude!!!
ResponderExcluirJana.
Caro Sérgio,
ResponderExcluirEsse é o maior e melhor tipo de educação que se pode dar aos filhos. Parabéns e um beijo no seiu coração.
Ricardo Amatucci