De 27/09/2010 – Travessia Recife- Fernando de Noronha (Refeno)
Durante a noite o vento diminuiu um pouco e abrimos mais a genoa. O mar também diminuiu um pouco, ajudando parte da tripulação a se recuperar do desconforto. Amanheceu e logo começamos a ver Noronha. Iríamos chegar cedo, vantagem do vento forte e média alta. Logo a maravilhosa Noronha crescia na proa. Não víamos a hora de chegar! Durante toda a travessia vimos barcos bem perto de nós e agora chegávamos junto com vários barcos. A ponta da Sapata se aproximava e tentávamos nos aproximar do concorrente Passárgada, sem sucesso. Tínhamos uma última tentativa: passar colado na ponta da Sapata, entre ela e uma laje, que todos contornavam por fora. Lá fomos nós para lá! Colamos na ponta e a contornamos, parecendo ter chegado bem mais perto. Mas após passar a ponta, perdemos um pouco de vento e o Passárgada abriu um pouco novamente. Outros barcos estavam à nossa frente. Passada a ponta, o vento ficou inconstante e íamos mudando regulagem de velas e rumo, tentando nos aproximar da linha. À nossa frente também estavam o Taouiri e o Mony, que apostara com o Jonas e Carol que chegariam antes de nós. Com um bom trabalho de tripulação fomos nos aproximando da chegada, em frente ao Boldró, pegando os concorrentes. O Taouiri perdeu o leme pouco antes da linha de chegada e o passamos. Mony iria ganhar de nós por uns 20 metros, quando entrou uma rajada negativa e ele se perdeu, tendo que fazer um jibe. Caçamos tudo, demos dois bordos e cruzamos a linha na frente do Mony, com a Carol toda contente dizendo “- Tchau, Tio!” ao amigo Vail Mony.
Quando rebemos o sinal sonoro de chegada, explodimos todos em alegria! Todos bem e contentes, éramos só sorrisos. Chegamos às 9:10 hs e fizemos a regata num tempo total de 42:10 hs, tempo ótimo! Éramos o quinto barco de nossa classe, que tinha 30 inscritos, a chegar. Abrimos um champagne que o Dimitri e a Sirleine trouxeram para comemorar. Para os “adolas”, um espumante sem álcool. Pimenta sonhava em conhecer Noronha um dia e chegar velejando foi um sonho realizado! Dimitri sempre teve o sonho de trazer a família para essa travessia, vontade que eu lembro de ele ter me contado em 2002, quando fizemos nossa primeira Refeno juntos no Xe Rocuá, do amigo em comum Valmir. E cá estamos nós realizando novamente nosso sonho! Noronha este ano foi um “sonhocídio”! E muitos mais serão realizados aqui.
Brincamos com a Carol Matosko, que ela receberia o prêmio de a melhor tripulante da regata, pois fez 42 horas de turno sob o dog house e que o Dimitri mandaria fazer um dog house em sua cama. A empreendedora Sirleine começou a tirar os colchões de bordo para secar e queria arrumar tudo antes de sair. Brequei o que pude e sugeri que descêssemos à ilha para aproveitar o lindíssimo dia.
Descemos todos e ao passar no Monte Cristo, de Ubatuba, onde correram os amigos Flávio e Fabinho, soubemos que eles quebraram o recorde dos monocascos que fizeram essa regata até hoje, com 31 horas de travessia! O recorde anterior era de 36 horas!
No porto, encontramos o Felipe, do Fram, e fomos saber sobre seu tripulante que foi resgatado. Ele era o Paulo Marques, dono do veleiro Pamar, e a notícia foi ruim: ele teve, na realidade, um AVC durante a travessia e foi transportado para Natal em estado grave. Conhecemos sua esposa, que estava com o Felipe, e desejamos melhoras.
Fomos todos até o Flamboyant almoçar (ninguém, quis comer o bacalhau que estava a bordo, infelizmente!). Ainda passamos na Vila dos Remédios e praia do Cachorro para apresentá-las ao Pimenta e tomar um banho na bica da praia do Cachorro. Voltamos ao barco muito cansados e fomos dormir cedo para aproveitar bastante amanhã. O Dimitri e a família foram para uma pousada.