Três no Mundo

Três no Mundo
Sérgio, Jonas e Carol rumo ao Caribe e Europa

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

De 12/12/2010 – Tobago
Às 8:30 hs já estávamos em terra, de café tomado e mochila nas costas, esperando o Bago. Logo ele chegou, junto com Jeremias, que seria nosso guia no passeio. Apresentações feitas, entramos na van que nos levaria ao passeio. Fui na frente, para ter mais “emoção”. Porque “emoção”? É que Tobago segue o exemplo britânico e a mão é ao contrário do Brasil. Ou seja, sentei nosso lugar de motorista, mas eu não tinha a direção e os pedais, que ficavam no nosso lado de passageiro. E indo como “motorista”, eu via a toda a hora o pessoal na contra-mão! Cada conversão, à esquerda ou à direita era uma emoção!!!
No começo não entendíamos muito bem o Jeremias. O Jonas é o que está com o melhor inglês, pois entendem tudo que ele fala e pouca coisa ele não entende. Mas, aos poucos, nos acostumamos com o inglês e o sotaque do simpático Jeremias e nos entendemos muito bem.
Começamos a percorrer a ilha, que tem uma estrada em todo seu contorno, no sentido horário. A primeira parada foi em Plymouth, que foi a primeira capital de Tobago. Descemos no Fort James, que tem uma bela vista, e paredes feitas de pedras e coral. A casa de munição tem tijolos de coral recortados, unidos entre si com massa que também deve ser de coral. Isso dá um efeito muito bonito, pois usaram vários tipos diferentes de coral, proporcionando texturas diferentes em cada tijolos. Podemos distinguir cada tipo de coral que foi usado para fazer cada tijolo.
Perguntamos alguns dados históricos e soubemos que a independência da ilha foi em 1962 e que posteriormente foi agrupada com Trinidad. A ilha sofreu várias invasões e foi a ilha do Caribe que mais mudou de mãos. Entre ingleses, holadeses e franceses, a ilha mudou de donos 31 vezes!!! Imaginem quantas batalhas houve por aqui! A escravidão foi abolida em 1800 e a mão de obra negra era usada nas plantações de cana, para produção de açúcar. A população atual é descendente desses escravos africanos, mas percebe-se pela cor forte de seus descendentes que não houve a miscigenação que ocorreu no Brasil. É um povo alegre, simpático e brincalhão, que recebe bem os estrangeiros, ao menos nós, brasileiros, pois o principal esporte aqui é o futebol. A ilha é pequena, tem 40 quilômetros de comprimento por 10 de largura, grande parte de sua área é de reservas ecológicas e sua população é de 60 mil habitantes.
Saímos do Fort James e demos uma parada na frente de um engenho de cana. O guia mostrava a vegetação que, para turistas europeus seria estranha, mas identificávamos todas as árvores como conhecidas nossas. As frutíferas proporcionam manga, cacau, caju, etc.
De lá, paramos em uma árvore muito grande na beira da estrada, que identificamos como uma paineira. O Jeremias disse que o antigo povo índigena que vivia na ilha usava essa árvore para orar e acreditava que seus antepassados vivessem nas raízes dessa árvore.
A próxima parada foi um mirante com uma vista deslumbrante do mar do Caribe e da vila de Castara, incrustada numa pequena baia. Por cima da ilha, na direção sudoeste, conseguíamos ver Trinidad. Muitas fragatas sobrevoavam Castara e Jeremias explicou que são aves predadoras, que roubam o alimento de outras aves da região. Elas não podem mergulhar, pois não têm um óleo em suas penas que as mantém impermeáveis. Portanto, se afundarem, não conseguem voltar a voar.
Passamos na frente de uma escola pública e Jeremias perguntou como eram as escolas no Brasil. Respondemos que quem quer um bom estudo para os filhos, atualmente tem que colocá-los em escolas particulares e começamos a explicar como os politicos destruíram a educação pública nos últimos 30 anos. Mas nem precisamos explicar muito, pois ele assumiu o comando da conversa e descreveu perfeitamente o que é o Brasil de hoje: uma grande massa que não se pretende educar, pois a qualidade da educação pública é péssima, professores muito mal remunerados e grande parte do povo mantida por dinheiro público, que não quer perder, e por isso vota nos que podem proporcionar a continuidade dessa mordomia. Ele diz que o mesmo acontece aqui!!! Fiquei surpreso com a explanação dele e as realidades parecidas que vivem Brasil e Trinidad-Tobago.
Depois dessa conversa sobre política, para desanuviar, paramos em Englishman's Bay, que tem uma praia praticamente deserta e é um ótimo lugar para um bom banho de mar. A água estava um pouco turva, mas deliciosa! Depois de uma hora nessa praia, seguimos para uma gostosa cachoeira para tirar o sal do corpo. O caminho para a cachoeira estava cheio de pedaços de madeira partida e Jeremias explicou que o furacão Thomas, que passou a pouco tempo no Caribe, provocou muitas chuvas na região, o que causou vários deslizamentos. Dois vira-latas brincalhões nos receberam na cachoeira e nos acompanharam. Como sempre, a Carol foi logo fazendo amizade com eles. Vira-lata é vira-lata em qualquer lugar!
Seguimos para Bloody Bay, local onde houve uma guerra de 3 meses entre ingleses e franceses. Quando acabou a munição, a guerra foi para a praia e foram usadas espadas e facas para destruir o inimigo. A água da baia se tingiu de sangue de tantas mortes e o local ficou conhecido como Bloody Bay. A Carol adorou essa tétrica história, pois adora ler e escrever histórias de terror!
Na ponta norte da ilha passamos por Charlotte Ville, que é a maior cidade pesqueira da ilha e a última do norte que faz parte do mar do Caribe. É bem arrumadinha e tem uma baia bem abrigada. Só que para chegar lá, tivemos que passar por um deslizamento que fez ceder uma parte da estrada. As chuvas foram fortes mesmo por aqui!
A próxima parada era muito aguardada: almoço!!! Após o banho de mar e de cachoeira, a fome estava grande. Paramos numa praia já do lado do oceano Atlântico e fomos para o Jema's Treehouse Restaurant. Fora o suco de laranja, tudo era novidade para nós no cardápio. Pedimos peixe e a Carol pediu frango. Aguardamos um pouco e vieram postas de peixe com um gostoso molho agridoce por cima, feito com mangas e um molho escuro. Até o Jonas que detesta misturar doce e salgado, adorou a comida. O acompanhamento foi risoto, salada e uma torta de macarrão caribenha, muito gostosa por sinal. Pedimos pimenta e todos abusamos dela. Enquanto comíamos, rolava uma partida de futebol de praia ao lado do restaurante. Os tobaguenses jogam bem e, como no Brasil, há aqueles que pegam a bola e não querem passar para ninguém, os famosos “fominhas”.
A parada seguinte foi num mirante em Speyside. De lá, víamos o oceano Atlântico, pelo qual chegamos ao Caribe, e as ilhas de Pequena Tobago e Goat (das Cabras). Uma delas pertenceu ao escritor Ian Fleming, criador do personagem 007.
De lá, fomos percorrendo a estrada paralela ao oceano em direção ao sul. Uma parada para ver jacarés foi prometida e paramos na beira de um rio, mas os jacarés não apareceram. A Carol ficou um pouco decepcionada e procurou muito, mas nada deles. Voltamos ao carro e seguimos na direção de Scarborough. Chegando lá, vimos semáforos, que ainda não havíamos visto na ilha. São muito poucos e o trânsito aqui e tranquilo. Fora dirigir do lado errado (rsrsrs!!!), os tobaguenses dirigem bem e são cuidados. Mas não aconselho a alugar um carro por aqui, a não ser que alguém esteja acostumado a dirigir na mão inglesa.
Voltamos a nosso ponto de partida, despedimos do simpático Jeremias e já combinamos um passeio para mais tarde: ver uma steel band na cidade de Bucco.
Foi o tempo certo de ir para o barco, tomar um bom banho, descansar um pouco e voltar para a praia. Eram quase nove horas da noite quando Jeremias e Bago passaram para nos pegar. Fomos para Bucco e chegamos num pequeno bar, onde uma banda toda vestida de camisas verdes e calças brancas estavam se preparando, com os seus instrumentos já em posição. Os instrumentos são como grandes latas e em suas superfícies vemos partes amassadas, que são tocadas. Cada um dos instrumentos tem várias notas e fica difícil imaginar como os afinam. O toque é feito com repetição muito rápida da mesma nota, fazendo parecer quase um orgão em certas músicas. O show foi muito bom e os músicos são ótimos. O repertório é eclético e procura agradar a todos, principalmente aos que querem dançar. Um senhorzinho com roupa social, camisa vermelha e a calça bege bem puxada para cima, dançava direitinho, mas de vez em quando se afastava da parceira e dava uns passos muito parecidos com os de mestre-sala de escola de samba! Impressionante! Entre os alegres e bons dançarinos tobaguenses e os desajeitados ou afetados ingleses, destoávamos de todos. Dois dias depois encontramos um rapaz na praia e ele disse que nos vira no show. Imitou cada um de nós e demos muitas risadas! Ele disse que Tobago é um lugar muito pequeno e todos se conhecem. Outro disse que lembrava de mim da outra vez que viemos, há 4 anos atrás. Duvido um pouco, mas ele falou das crianças e ganhou um pouco mais de credibilidade.
Voltamos ao barco cansados, mas alegres pelo bem aproveitado dia!






























































































2 comentários:

  1. Galera do travessura,,, parabens pela travesia, o corte umbilical do Brasil é sempre muito importante, eu acho e tb tenho lido isso, e vcs tiraram de letra. As fotos estão otimas; adorei a paissagem do escritorio e é a primeira vez que tenho lido sobre corte de cabelo a Bordo rsrsrs, o corte da Carol ta 10, o Veleiro do jonas ficou Otimo, agora tentar construir um submarino para filmar rsrsrsrs, umm desafio.
    Dia 21 estaremos embarcando para Espanha para passar o natal e reveion com nossa filha que esta estudando la desde junho.
    Lendo e vendo a viajens de vcs, planejamos a nossa que foi adiada para o ano que vem se tudo der certo.
    Bons ventos, e vamos que vamos

    abraços bahianos de

    Hugo e Catarina

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  2. Sérgio, Jonas e Carol,

    Bom saber de vocês. Aproveitem a viagem e lembrem de estudar de vez enquando, hehehe.
    Abraços

    Ricardo Diana e Heleninha

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