Três no Mundo

Três no Mundo
Sérgio, Jonas e Carol rumo ao Caribe e Europa

sexta-feira, 24 de junho de 2011

De 23/06/2011 – Travessia Ilha de São Jorge – Ilha Terceira
Acordamos antes das seis e o dia amanhecia. Arrumamos tudo para sair em pouco tempo e logo soltamos nossas amarras. Levantamos vela fora da marina e logo desligamos o motor. O Jonas e a Carol aproveitaram para dormir mais um pouco e eu fiquei no turno.
Fomos numa orça bem apertada em direção à ilha do Pico, pois era o rumo que conseguíamos a vela. Assim que passamos o meio do canal entre as duas ilhas, o vento girou um pouco e conseguimos ir num rumo paralelo às ilhas. Pouco à frente, o vento acabou e motoramos por uns 40 minutos. Logo depois o vento entrou bem favorável, ajundando muito a cumprir as 52 milhas até a ilha Terceira, cidade de Angra do Heroísmo, rapidamente.
Quando entrei para chamar o Jonas, percebi o barulho do hélice virando, que não devia acontecer, pois sempre que desligamos o motor travamos com a marcha ré. Fui olhar e uma pequena peça de conexão do cabo de comando ao reversor da rabeta havia quebrado! Fiz uma emenda provisória com arames, mas no teste a ré não entrava. Bem, vamos ter que encostar em Terceira sem a ré.
Continuamos velejando muito bem e aproveitei para descansar um pouco, enquanto os “adolas” faziam seus respectivos turnos. Os golfinhos vieram nos visitar duas vezes no caminho, como em todas as travessias que fizemos por aqui.
Nos aproximamos da Terceira e chegamos no Brasil. Brasil?!!! Isso mesmo, aqui há um monte chamado Brasil, que protege a baia do Porto das Pipas, onde fica a cidade de Angra do Heroísmo.
Avisamos à marina, que é a segunda que atende o rádio na nossa chegada, que estávamos sem ré e eles liberaram uma vaga provisória na frente da marina. A chegada por mar a Angra do Heroísmo é muito bonita, com a vista de muitos casarões coloniais e fortes nas duas pontas. Pena que estão construindo um prédio em formato de “caixote” no meio da cidade e voltado para o mar. É impressionante como ele agride o olhar!
Conseguimos encostar facilmente sem a ré e logo mudávamos para uma vaga na parede do porto, fora do cais dos cruzeiristas, também conseguindo encostar sem problemas. Nosso vizinho é uma fragata da Marinha de Portugal!
A fome e a curiosidade para ver a cidade estavam grandes. Guardamos as coisas e saímos para conhecer o lugar e procurar um restaurante. Demos entrada na marina, o Jonas foi dar um “alô” para os amigos do Luthier que estão aqui e saímos pela cidade. Chegamos exatamente no começo das festas da cidade, quando a enfeitam especialmente para isso. Havia muitas barracas de sanduíches e comidas típicas ao lado do porto e fomos saciar nossa fome nelas. Comemos bifanas e sandes de pernil. Em seguida, andamos pelas ruas da cidade. Lindas!!! Muitos prédios e casas coloniais lindíssimos. Para quem conhece o centro histórico de Salvador, no alto do elevador Lacerda, imagine três vezes a quantidade de prédios e ruas, com as casas em perfeito estado de conservação e você terá uma ideia aproximada daqui. A arquitetura da Terceira é realmente maravilhosa (tirando o “caixote”).
Andando pelas ruas, nos deparamos com uma Casa do Pão de Queijo. Fomos conferir e, realmente, são pães de queijo brasileiros que vendem. E pastéis feitos à moda do Brasil!!! Foi alegria geral na tripulação e entramos para conhecer o restaurante. Ele é de uma brasileira, a Cibele, que faz vários pratos da comida brasileira, inclusive a feijoada, e conversamos um pouco com ela. Simpática, contou com alegria os pratos típicos do Brasil que faz e ficamos de voltar outro dia para comer pastéis (os “adolas” adoram!) e pães de queijo.
Voltamos à marina, tomamos nosso banho e descansamos um pouco.
À noite, retornamos para a cidade e a encontramos toda iluminada e cheia de gente. Esperamos um pouco ao lado das pessoas, que se encontravam na calçada, deixando a rua liberada, para ver o que acontecia. Em pouco tempo começamos a escutar música e grupos de dançarinos vinham à frente dos instrumentos. Com roupas coloridas, dançavam coreografias prontas e cantavam marchinhas. Logo atrás, vinha a banda tocando. Lindo! Cada bloco de dançarinos e músicos representava um lugar ou uma ilha. Sempre animados, puxavam aplausos de todos. Das janelas dos casarões coloniais, enfeitadas com tecidos coloridos, flores e frutas, muitas pessoas apreciavam o desfile. Adoramos e ficamos um bom tempo vendo os blocos passarem. Bateu a fome e comemos pães de chouriço, feitos e assados no forno a lenha na hora, numa das barracas da festa. Muito gostoso!
A Terceira é a ilha onde mais encontramos laços com o Brasil até agora. Começou pelo nome de seu monte, depois a Casa do Pão de Queijo, escutamos muitas músicas brasileiras nos eventos antes dos desfiles e um rapaz que mexia com bonecos para crianças usou músicas de capoeira, samba e chorinho em seu espetáculo. Parece que, apesar de ser uma cidade grande, vamos gostar muito daqui também!

Curiosidade: Em Portugal, sanduíches são chamados de “sandes”.



Acima e abaixo: o pico da ilha de Pico: paisagem constante nas travessias entre as ilhas.



Chegando à Terceira.


Monte Brasil, com a camisa do Brasil!


Travessura e nosso vizinho de píer: a fragata da Marinha Portuguesa.

Acima e várias abaixo: festa na ilha Terceira.





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